No jornal "Público" de hoje, Laurinda Alves escreve um texto intitulado "Abaixo o powerpoint!"
Num país onde existe uma espécie de epidemia permanente e contagiante que alguém classificou de "conferencite aguda", em que a toda a hora se organizam conferências, seminários, debates, workshops e encontros com mais ou menos sentido, é extraordinário verificar as dificuldades que tantos professores, mestres e conferencistas têm em comunicar com o público. (...)
Há mais de 15 anos que participo semanalmente em conferências e debates públicos de norte a sul do país (ilhas incluídas), em fundações, associações, escolas, organizações, prisões e instituições incrivelmente variadas. Faço-o porque me pedem mas, acima de tudo, porque acredito que apesar dos excessos da "conferencite aguda" (que tantas vezes sofro na pele, confesso) é possível dar um contributo cívico em grande parte destes encontros. Infelizmente tenho que reconhecer que acontece demasiadas vezes haver alguém na mesa que falha completamente a mensagem que era suposto passar. (...)
O pior é que estes mesmos conferencistas acreditam que basta debitar o que está no powerpoint e acrescentar-lhe uma graçola ou outra, um exemplo prático aqui e outro ali, e já está. Não está nada. Muito pelo contrário está tudo estragado e a sua comunicação foi um enorme desperdício de tempo e talento. Estes (não)comunicadores enchem a plateia de nervos e frustração e conseguem ser a negação da comunicação. E é porque todos já assistimos a conferências chatas proferidas por excelentíssimos chatos que pergunto à ministra da Educação, tão preocupada com o zelo e a eficácia pedagógica, porque é que não copiamos os sistemas inglês, francês e alemão e integramos também no nosso sistema educativo aulas obrigatórias de improviso, de debate e de troca de ideias?
Esperava que Laurinda Alves nos elucidasse, neste texto, o segredo de uma boa comunicação (a sua, presumo, pois não tive a oportunidade de a ouvir). Assim, o texto que escreveu foi "um enorme desperdício de tempo e talento". Não haverá conferências que para uns são chatas e para outros interessantes?
Quanto a copiar os sistemas inglês, francês e alemão, será que um bom professor português não procura promover o debate e a troca de ideias nas suas aulas?
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