Alberto Castro, no JN:
No Porto (e, acredito, em Coimbra) é preciso repensar a Queima. E é-o, também, ou provavelmente sobretudo, por o mundo à sua volta ter mudado. Quando as "queimas" começaram, o 1.º ciclo de estudo, que conduzia à licenciatura, tinha cinco, seis e até sete anos e a vida académica acabava aí para quase todos. Hoje tem três, uma percentagem elevada realiza mestrado e muitos mesmo o doutoramento. Não há anos que cheguem para os rituais das insígnias tradicionais. Antigamente, o ano escolar no Ensino Superior começava em fins de Outubro, depois de realizados os exames da 2.ª época. A Queima marcava o fim das aulas e o começo do período de estudo para os exames, praticamente a única forma de avaliação que havia. Hoje, as aulas começam em Setembro, o calendário escolar assenta em semestres, prolonga-se até fim de Maio, a avaliação é cada vez mais contínua e menos dependente do exame final. Neste contexto, a Queima acontece no pior período, prejudicando a sequência de estudo e o eventual aproveitamento dos estudantes. Tudo mudou, mas a Queima teima em manter-se igual. Fora do seu tempo e do seu modo. Tolerada pela inércia das autoridades académicas. Até quando?
Sem comentários:
Enviar um comentário