segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mundo perfeito

Francisco José Viegas, no JN: Pensamos que basta dar o exemplo, ler, ouvir música, usarmos computadores, sermos tolerantes - e generosos, educados, prestáveis, interessados. Com isso o mundo seria melhor. Mas não basta, infelizmente não basta. Com isso, os adolescentes das escolas seriam pessoas melhores, não usariam aquela gramática de grunhos, não faltariam às aulas, não desdenhariam dos professores que se esforçam e lhes ensinam a diferença entre o culto e o inculto, o cru e o cozido, o bem e o mal. O mundo seria perfeito. As famílias seriam honradas, pacíficas, passeariam ao domingo, fariam piqueniques, todos ajudariam a arrumar a cozinha e dormiriam a horas. Os nossos filhos leriam Dickens e Eça - ou, na pior das hipóteses, arrumariam os livros nas estantes. Interessar-se-iam por ciência e por política. Eu bem os entendo - mas não basta. É muitas vezes necessário ser cruel, usar a autoridade quando não se quer, dizer "não" quando até poderíamos dizer "sim", pensar no que significa, de facto, a palavra exigência. A vida não é fácil. Não nos basta sermos o que somos. É preciso pensarmos nisso - que a vida não é fácil e que aprender exige esforço. A democracia, que transformou as escolas em "estabelecimentos de ensino", como se fossem "lojas do cidadão", tem de resolver esse problema. Para ver se a escola volta a ser escola.
Concordo no geral com a opinião de F. J. Viegas. No entanto, creio que a democracia não consegue resolver este problema. Há demasiados adultos que não são bons exemplos para a juventude. Há muita incompetência.

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