A propósito da Queima das Fitas que milhares de estudantes vão celebrar nos próximos dias, não resisto em partilhar este texto adaptado, retirado de "Mixórdia de temáticas", de Ricardo Araújo Pereira, Tinta-da-China, 2012, pág. 238:
Jornalista (J): Nos dias 6, 7 e 8 de julho, decorre no estádio do Lusitânia Futebol Clube de Lourosa, o Festival Nacional da Alheira. Em Lourosa, a ansiedade é, como se calcula, enorme. Mas nem toda a gente está contente com a iniciativa. É o caso de Cristóvão Ribeiro (CR), que está hoje connosco. Cristóvão, o que é que se passa?
CR: O que se passa é que o Festival Nacional da Alheira em Lourosa é uma falta de respeito. Porque é que tem de ser em Lourosa? E porque é que tem de ser da alheira? E porque é que tem de ser um festival?
J: O que é que propõe?
CR: Proponho a extinção imediata do Festival Nacional da Alheira e a criação do Miss Morcela na Arrifana. Aliás, nós vamos avançar com o Miss Morcela na Arrifana, exatamente nos dias 6, 7 e 8. E depois vamos ver quem é que vai ter mais gente.
J: Mas olhe que o Festival da Alheira tem o Tony Carreira como cabeça de cartaz. É capaz de ser difícil de bater.
CR: É? O Tony Carreira não mete medo ao Miss Morcela, porque se correr bem vamos ter um cantor melhor.
J: Quem?
CR: Pavarotti. Claro que é um investimento avultado, mas quando se sabe negociar tudo é possível. Falei com o agente dele e disse: «Meu caro amigo, por 50 mil euros o sr. Pavarotti pode vir cantar a Arrifana?» E ele: «Não, porque ele faleceu em 2007» E eu: «E por 100 mil euros?» E ele: «Vou pensar». De maneiras que estamos a aguardar resposta.
J: Mas não será arriscado organizar um evento semelhante ao mesmo tempo?
CR: Não. Cada chouriça tem o seu lugar. Aliás, o grande rival da Miss Morcela na Arrifana nem é o Festival da Alheira de Lourosa. É a Queima das Fitas do Salpicão de Argoncilhe.
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